Dados recolhidos pelo observatório TESS, da NASA, permitiram a descoberta de mais um planeta em torno da estrela Pi (𝜋) da constelação austral Mensa, criada no século XVIII por Nicolas de Lacaille numa alusão à “montanha mesa” adjacente à Cidade do Cabo. Pi Mensae é uma estrela de tipo espectral G1V, ligeiramente mais maciça e luminosa
do que o Sol. Situada a apenas 60 anos-luz, tem uma magnitude visual de 5.7 e é, portanto, visível debilmente a olho nu num local sem poluição luminosa, junto ao pólo sul celeste. Os astrónomos sabiam já da existência de um planeta algo bizarro em torno da estrela, descoberto em 2001, o “Pi Mensae b”. Com um período orbital de 5.7 anos e uma massa pelo menos 10 vezes superior à de Júpiter, a sua órbita é tão excêntrica que a sua distância à estrela hospedeira varia entre 1.2 e 5.5 unidades astronómicas.
O novo planeta, designado por “Pi Mensae c”, é muito diferente. Com um período orbital de apenas 6.3 dias, encontra-se muito próximo da estrela hospedeira. A sua massa, medida com dados de velocidade radial obtidos por espectrógrafos de precisão em observatórios na Terra, é de apenas 4.8 massas terrestres. O raio, determinado pelos trânsitos observados pelo TESS, é apenas 2.1 vezes o da Terra. Os dois valores sugerem uma densidade global para o planeta semelhante à da água, indicando que este é composto por grande quantidade de materiais voláteis, para além de um provável núcleo de rocha e metal, e deverá ter uma atmosfera maciça. A proximidade do planeta a uma estrela tão brilhante permitirá, em princípio, estudar em detalhe a composição e estrutura da sua atmosfera e, eventualmente, a obtenção de imagens directas.