A zonação da vegetação dunar está estreitamente correlacionada com a distância à linha da costa, isto é, até onde o mar exerce a sua influência.
Esta influência traduz-se numa variação direcional de vários fatores ecológicos,
tais como a salinidade, a mobilidade das areias, a velocidade do vento e a temperatura (variação).
Em direção ao mar aumentam a salinidade, a mobilidade das areias e a velocidade do vento, diminuindo a temperatura média anual também nesse sentido.
Ao longo deste complexo gradiente instala-se uma série de comunidades vegetais que, numa condição ideal, aumentam de complexidade desde as dunas embrionária e primária até às dunas estabilizadas.
Enquanto as comunidades das dunas embrionária e primária têm grandes áreas de distribuição e são pobres do ponto de vista florístico, sendo colonizadas por espécies também com grandes áreas de distribuição, nas dunas secundárias, a diversidade de comunidades e espécies endémicas é maior.
Adaptação das plantas à vida nas dunas
As plantas das dunas evoluíram para fazerem face a este meio agreste onde ocorrem flutuações de temperatura drásticas entre a noite e o dia, e onde a falta de água e nutrientes são também consideráveis.
As particularidades da flora do litoral são consequência, essencialmente, dos seguintes fatores:
• Falta de água - de forma a maximizarem o conteúdo orgânico de água, num meio xérico, algumas das espécies vegetais adaptadas ao litoral possuem a capacidade de acumular este elemento, tornando-se suculentas, como o caso da Eruca-marinha.
• Perda excessiva de água - ao nível das folhas, verificam-se as seguintes modificações:
- presença de cutícula espessa ou textura coriácea e mesmo espinescente, como é o caso do Cardo-marítimo;
- revestimento por um denso tomento, como no caso do Cordeirinho-da-praia;
- enrolamento das folhas, para diminuir a superfície de evaporação: é o caso de várias gramíneas como o Estorno;
- redução do tamanho ou a sua disposição como é o caso, respetivamente, da Perpétua-das-areias e da Morganheira-das-praias;
• Mobilidade das areias, soterramento e disponibilidade de nutrientes: por forma a ultrapassar isso, algumas espécies dispõem de um sistema radicular grande, como é o caso do Estorno que possui rizomas entrecruzados que retêm as areias, e que crescem em direção à superfície despontando sob esta.