Musgo estrela-dos-matos

Musgo estrela-dos-matos Campylopus introflexus (Hedw.) Brid.

  • Onde me podes visitar: Parque Biológico
  • Origem: Alóctone
  • Descrição:

    Quando se pensa em espécies invasoras talvez o mais natural seja pensar em plantas de grande porte como, por exemplo, as acácias.


    Poucas pessoas imaginarão que uma espécie de musgo poderá ser invasora, mas o que é certo é que Campylopus introflexus comporta-se como tal, ocupando o habitat de outras espécies autóctones.


    Esta capacidade relaciona-se com a sua estratégia de vida – o musgo está quase sempre fértil, produzindo anualmente grandes quantidades de esporos muito leves levados pelo vento, animais ou pessoas e produz também muitos propágulos vegetativos, ou seja, pequenos fragmentos que podem funcionar como “semente”.


    É um musgo que forma colónias de grandes dimensões verde-escuras e pardacentas.
    Os tufos podem atingir facilmente os 5 cm de comprimento e os filídeos (pequenas folhas) têm até 6 mm de comprimento, cada um com um longo pêlo hialino (quase branco) fortemente dentado. Quando os tufos estão secos, o reconhecimento desta espécie de musgo é bastante fácil, pois os longos pêlos na parte terminal dos filídeos ficam dispostos num ângulo de 90 graus em relação ao tufo. Desta característica surge o nome comum da espécie, já que, vistos de cima, os tufos terminam em pelos dispostos em estrela. Quando está fértil pode ter vários esporófitos (estrutura de produção e dispersão de esporos) de cor amarelada ou acastanhada em cada indivíduo. Estes esporófitos também são muito típicos, pois as sedas (estruturas de suporte das cápsulas onde se formam os esporos) são curvas, daí o nome do género (campylos = curvo).


    Este musgo pode encontrar-se numa grande variedade de situações, porém ocorre frequentemente em solos descarbonatados e em locais bastante expostos à luz solar (daí apresentar pelos hialinos bem desenvolvidos para refletir a luz solar). Em Portugal, é fácil observar esta espécie em solos arenosos, expostos ou húmidos fazendo parte de comunidades florestais, geralmente degradadas ou com influência de fogos e pastoreio. Está também presente em solos húmidos de montanha ou em matos atlânticos, em bordos de pântanos, em dunas, em jardins e caminhos, em zonas de telhados que acumulam terra e em tocos de árvores em decomposição. No Parque Biológico de Gaia já foram encontradas algumas populações desta espécie, muitas delas abundantemente férteis, no solo de manchas florestais de coníferas e eucaliptos.


    Esta espécie de musgo é um dos exemplos mais típicos de uma neófita, ou seja, uma planta que teve uma introdução recente no continente europeu, sendo a sua origem o hemisfério Sul, em países da América e África, Austrália e ilhas do Atlântico e Pacífico Sul. Desde a sua introdução pelo Homem na Europa (o 1.º registo foi na Inglaterra em 1941) tem vindo a espalhar-se rapidamente por muitos países*. Em Portugal, foi registado desde 1996, em regiões com influência atlântica como as províncias da Estremadura, Minho e Douro Litoral.


    É, portanto, uma espécie que provoca decréscimos dos níveis de biodiversidade de flora e fauna e altera os ciclos de nutrientes e as cadeias alimentares, sendo muito difícil de erradicar. Mais um exemplo de como o Homem tem sido responsável pela alteração dos ecossistemas, apenas por ter movido uma espécie de local…

     

    Texto e foto: Cristiana Vieira e Helena Hespanhol (CIBIO-UP)
    Fonte - Revista «Parques e Vida Selvagem» n.º 35.

    * filme de colonização da Europa por Campylopus introflexus:

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