Este musgo, que não muda de aspeto ou cor mesmo quando desidrata, pode ser facilmente reconhecido pela sua cor verde dourada e pela diferença entre os seus filídeos (órgãos análogos às folhas): os do caulóide (órgão análogo ao caule) principal têm a forma de coração com uma longa ponta e estão muito espaçados, enquanto os dos ramos são muito mais pequenos e ovais e dispõem-se densamente nos ramos.
Todos os filídeos desta planta têm uma margem dentada e uma nervura e são estruturas frágeis já que apenas têm uma célula de espessura, tal como em tantos outros musgos. Todas estas estruturas são bem visíveis com uma lupa de mão em qualquer altura do ano uma vez que os tufos desta planta são perenes e chegam a atingir os 10 cm de comprimento.
Esta espécie está amplamente distribuída por muitos tipos de habitats e é frequente em países do reino holártico do planeta (zonas árticas e temperadas do hemisfério Norte). Também no nosso país e no Parque Biológico de Gaia, este musgo é um dos mais comuns, principalmente nos recantos sombrios e húmidos dos taludes e dos bosques. O seu crescimento prostrado sobre o solo ou restos de folhas e pequenos ramos ajuda a reter e fixar a manta-morta. É portanto uma espécie primocolonizadora de substratos orgânicos que impede a erosão, retém humidade e favorece a formação do húmus, sendo por isso essencial para a estabilização dos solos em terrenos mais inclinados. Entre os filídeos e os ramos desta planta também se acumulam pequenas gotas de água que hidratam a planta e mantêm viva toda a comunidade de pequenos animais e outras plantas que vivem no “micro-ambiente” criado pelos seus tufos.
Como cresce sob a forma de tufos grandes, laxos e suaves esta planta recebeu o nome comum de “musgo-pena” e este aspeto fez com que tenha sido usada para encher almofadas ou forrar botas pouco confortáveis durante a Idade Média.
Atualmente é um dos musgos colhidos para servir de camada de retenção de humidade na horticultura ou para enfeitar presépios.
No entanto, como qualquer espécie de musgo, demora bastantes anos a crescer e a sua colheita anual provoca grandes decréscimos nas suas populações.
No caso desta espécie e de muitas outras, recolocar os tufos num local húmido e sombrio (de preferência o mesmo de onde se retirou) pode funcionar como “semente” e o tufo pode voltar a fixar-se e crescer ou funcionar como propágulo vegetativo para uma nova população nas imediações. Faça a experiência…
Texto e foto: Cristiana Vieira (CIBIO-UP)
Fonte - Revista «Parques e Vida Selvagem» n.º 34.
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