O musgo-salgueiro é um dos mais reconhecíveis musgos aquáticos pelo seu tamanho e tipo de crescimento, já que se assemelha a ramos de salgueiros que ondulam à força da corrente que os submerge.
As dimensões desta espécie são bastante grandes para um musgo, especialmente para uma espécie que resiste ao arrastamento pela corrente de água - os seus tufos imersos podem atingir dezenas de centímetros, os caulóides (caules sem sistema vascular) podem ter até 8 mm de largura e os filídeos (pequenas folhas) podem atingir os 5 mm de comprimento.
Os tufos desta espécie distinguem-se facilmente porque cada ramo tem 3 faces que resultam da disposição dos filídeos justapostos. Os filídeos são muito definidos
e aguçados e distinguem esta espécie de outras parecidas porque possuem uma quilha (como nos barcos) que divide longitudinalmente o filídeo. Todas estas características são visíveis a olho nu, sendo possível ver ainda mais detalhes com o auxílio de uma pequena lupa (inclusive as células grandes e longas dos filídeos).
Podemos encontrar esta espécie, essencialmente aquática, a crescer imersa na corrente de ribeiros, em represas e levadas, fortemente agarrada a rochas ou paredes de diques ou a troncos e raízes expostas na margem de cursos fl uviais. Os seus tufos são flexíveis e acompanham a direcção da corrente da água, sobrevivendo a uma emersão prolongada no verão, quando os caudais diminuem, através de um “adormecimento” (latência).
Tratando-se de uma espécie relativamente resistente à poluição, pode ainda encontrar-se em muitos cursos de água, sendo das últimas espécies a ser afetada pela perturbação de origem humana. Esta sua resistência e capacidade de absorver os nutrientes e poluentes dissolvidos na água faz com que seja a mais utilizada em estudos de monitorização de poluição aquática. Por outro lado, estando as suas colónias em posições dependentes dos níveis dos caudais dos cursos de água, esta espécie também é bioindicadora das consequências das alterações climáticas na disponibilidade hídrica.
Este musgo ocorre um pouco por todo o mundo e é relativamente comum em Portugal nos habitats descritos. No Parque Biológico de Gaia pode ser facilmente observada nas rochas e nas bases das pontes do rio Febros.
Texto e foto: Cristiana Vieira (CIBIO-UP)
Fonte - Revista «Parques e Vida Selvagem» n.º 37.
Câmara Municipal de Gaia
Rua Álvares Cabral 4400-017 Vila Nova de Gaia
dummy(+351)223 742 400
dummy geral@cm-gaia.pt
Parque Biológico de Gaia
R. Cunha, 4430-812 Avintes, Vila Nova de Gaia, Portugal
dummy(+351) 22 787 8120
dummy GPS: 41°05'49.5"N 8°33'21.9"W