O Musgo-cauda-de-raposa é um musgo facilmente reconhecível pelo seu tipo de crescimento, já que se assemelha à disposição rija dos pêlos na cauda de uma raposa.
Simultaneamente, as suas colónias lembram pequenas florestas-miniatura, já que cada um dos seus caulóides (caules sem sistema vascular) parecem pequenas árvores que podem atingir os 10 centímetros, e são eretos e ramificados num só plano, com filídeos (pequenas folhas) muito definidos e aguçados.
Os seus caulóides primários mais robustos e fortes, que crescem prostrados e agarrados a rochas e bases de árvores, apresentam filídeos triangulares com nervura muito evidente que lembram escamas verdes com dentes na margem.
Todas estas características são visíveis a olho nu, sendo possível ver ainda mais detalhes com o auxílio de uma pequena lupa (inclusive as células grandes e arredondadas brilhantes das folhas).
Podemos encontrar esta espécie, essencialmente aquática e higrófila, a crescer em zonas salpicadas ou muito próximas da água, em levadas e na base de árvores perto de cursos fluviais, pois é dos musgos com mais tecidos resistentes ao impacto da corrente (tecidos esclerenquimatosos).
Um dos seus micro-habitats mais típicos são as margens dos ribeiros e levadas que apenas são inundados por correntes torrenciais de Inverno e que ficam expostas no Verão, daí que as colónias desta espécie permitam adivinhar os níveis médios de cheia dos cursos de água onde surge.
Por outro lado, como é uma espécie que consegue realizar fotossíntese com níveis mínimos de radiação solar, pode também ser encontrada em locais muito sombrios, como em paredes de cavernas, minas, paredes de moinhos e ravinas.
Este musgo ocorre um pouco por toda a Europa e é relativamente comum em Portugal nos habitats descritos, estando as suas colónias em posições dependentes dos níveis dos caudais dos cursos de água, daí que possa também ser encarada como uma espécie bio-indicadora das consequências das alterações climáticas na disponibilidade hídrica.
No Parque Biológico de Gaia pode ser facilmente observada nas margens rochosas e nas bases das pontes do rio Febros.
Texto e foto: Cristiana Vieira (CIBIO-UP)
Fonte - Revista «Parques e Vida Selvagem» n.º 32.
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